Procura-se um namorado

15 de fevereiro de 2011

Precisa ser bem carinhoso, de preferência à moda antiga. Pode levar flores quando quiser. Cartinhas de amor são indispensáveis. Tem de adorar poesia. Ah! Não pode escorregar no português. Há de ser castiço como o do Maranhão. Aliás, precisa adorar conversar. E não pode ser nem um pouco fofoqueiro.


Foto de Henry Cartier Bresson

Romantismo é indispensável. Serenatas estão liberadas. O pretendente mora em Copacabana? Melhor ainda. Ela também. Mas aceita paulista, alagoano, mineiro, gaúcho. Até estrangeiro! Desde que seja carinhoso. Gostar de viajar é um diferencial. Faz-se necessário que ele aprecie passear de mão dada na praia. Cai bem adorar sol, festa, alegria. Gente deprimida? Nem apresente!

Quem procura? Uma senhora de 77 anos, cadeirante, viúva, moradora da Rua Inhangá. O brilho nos olhos dela e sua vontade de viver inspiram qualquer um. É cheirosa, está sempre com as unhas pintadas, muito vaidosa. É bonita, adora música brasileira e tem uma leve tendência socialista (coitada!).

É uma lição de vida. Uma senhorinha que não se importa com as próprias rugas ou com a dificuldade de locomoção. Nada disso é limitação. Bem diferente de certos jovens, encanados com suas espinhas na cara ou com seu corpo um, pouco diferente do da modelo da revista.

Não é mesmo divino pensar que o amor não tem nada a ver com idade ou tipo físico? Amar é simplesmente escolher. Essa vovó escolheu que podia ter um namorado, amar de novo. Não importa mais nada. Importa? Quem conhecer um pretendente, favor avise.

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