10 coisas tipicamente paulistas

26 de agosto de 2010

1) Influência italiana: a Pizza por metro (uma boa é a do Restaurante Graminha da Vila Madalena) é um bom exemplo. Assim como a Festa da Achiropita todo mês de agosto. Deus salve os italianos que vieram para cá;


2) A expressão Imagina!: experimente agradecer alguma coisa para um paulistano contente. A resposta instantânea é (i)Magina! Cuidado que essa frase pega. Se você não é daqui, em poucos dias vai sair por aí dizendo magina para as pessoas;

3) Bom descanso! É outra expressão bem paulistana. Essa eu adoro. Você trabalha o dia todo como um corno, no final do dia está com aquela cara de bagaço, aí o guardinha do prédio, o cobrador de ônibus e até o padeiro vão dizer: Bom descanso! Um bálsamo ouvir isso depois de um dia cheio e convenhamos, descanso é artigo de luxo nessa cidade;

4) Bala Pinho Campos do Jordão (também conhecida como balinha de sinal ou de metrô, jujuba de menta ou Valda genérica): Uma balinha ruim, molenga e esquisita, mas que vende como água em tudo que é semáforo;


5) Mostra Internacional de Cinema: Preciso comentar? Não vejo a hora de outubro chegar com a 34ª;

6) Modificar o sentido das palavras: paulista tem mania de chamar sanduíche de lanche, reduzindo todo o universo de uma palavra genérica como essa (que, aliás, tem sua raiz no inglês lunch, que significa almoço), café pingado de média e semáforo de farol, só citando alguns exemplos.

Experimenta passar numa padoca que você vai ver a plaquinha: “Temos lanche de metro”. Isso quando você não vai à praia e escuta: “Olha o lanche natural!”Triste mesmo quando se escuta: “Qual o lanche que vai querer? Cheeseburrrrguerrrr ou hamburrguerrrr?”. ô coisa irritante!

7) Padocas: por falar em lanche e padaria, as padocas (sim, padaria tem esse nome por aqui) paulistas são as melhores do Brasil. Fato delicioso! Quando passar na cidade do impossível aproveite para pedir o Bauru, um clássico! A Bella Paulista fica no coração da cidade e é 24h.

8) “De segunda”: paulista adora a preposição de antes de um dia da semana. Como irrita o: “De domingo vou treinar na academia”. Tem “de” de sobra na boca do povo.

9)Cumprimento rápido: O exagero com o “de” não se reflete nos beijos. Aqui se economiza beijos no cumprimento. É só um e olhe lá! Paulista tem pressa e não perde tempo com essas bobagens. Está na hora de começar a campanha: dê uma pausa, dê dois beijinhos!



10) Vingança: esta última é uma provocação, mas é também uma observação empírica. Homem paulistano adora mulher carioca. A cisma do paulistano médio é tão grande com o Rio de Janeiro que eles têm certo fetiche com as cariocas. É como se finalmente pudessem atingir os cariocas. “Ok meu, você tem a praia, o sol, a beleza, mas a carioca é minha, se f...!” E olha que os cariocas não gostam mesmo, sempre que sabem de um casal estilo ponte-aérea soltam um: “Tá namorando um paulista? Ah não! Agora fiquei bolado.”

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Enlatado paulistano


A história começa digna de um blockbuster americano. Duas pessoas bêbadas que se beijam em uma festa. Aconteceu aqui no Brasil por mero acaso. Porque poderia se passar no interior da França, sem sombra de dúvidas.

A festa estava lotada. Muita gente diferente. Muita bebida. Risos. Conversas políticas. A revolução bolchevique em pleno século XXI soava fora de propósito, até mesmo divertida. De repente reparei em duas pessoas. Foram apresentados um ao outro por um amigo em comum. O motivo era simples: o rapaz ia morar na cidade natal da moça e não conhecia ninguém, queria dicas, contatos.

Sabe aqueles casais que você não acredita? Não parecia paixão. Não daquelas de filme. Amor à primeira vista? Pfffff, passou longe. A menina, aliás, estava como uma borboleta: livre, leve, solta. E solta ficou ainda mais depois dos drinks com coca-cola. Vodka vai, vodka vem e dos ficaram. Não deu em mais nada. Eu estava observando. Juro! Não se pareciam, não combinavam. Era só mais um casal sem motivo. Poderia acontecer com qualquer um. Acontece sempre. Em tudo que é festa.

Mas olha que engraçado! Vi os dois há poucos dias, perambulando de mãos dadas numa tal avenida-cartão-postal. Impossível! Ele não tinha mudado de cidade? Eles não me viram, mas eu percebi que aquilo era um pouco mais do que os dois queriam admitir. Gostei do que vi.

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Une hirondelle

16 de agosto de 2010



Hoje pousou na janela do trabalho uma andorinha. Uma não, três. Andorinhas quase nunca andam sozinhas. Elas gorjearam e eu, que estava com fones no ouvido, achei que fosse interferência da caixa de som do computador. Quando fui buscar os pios, as vi cantando do meu lado direito. Andorinhas em plena Consolação? Impossível!

Imediatamente voltei à Santa Teresa. Era menina de novo, tinha cinco anos e meu avô me dizia: “Olhe Zé de Luca! As andorinhas." Depois passava a tarde contando histórias des les hirondelles. Ele brincava que elas viviam em uma família como a nossa e que eu era uma delas, podia escolher a que mais parecia comigo, “uma pequenininha, hein Zé de Luca?”

Meu avô não está mais voando com meu bando há alguns anos. É engraçado como a morte nos prega peças. Eu não consigo mais me lembrar bem como tudo aconteceu, porém ao ver as andorinhas, parece que foi ontem que meu avozinho faleceu. Tão magrinho e sofrido.

Uma das últimas visões que tenho dele é no seu último aniversário. A família quase toda se reuniu em um bar e os melhores amigos dele, todos músicos, tocaram chorinho. Foi a última vez que ele tocou o saxofone. Ele foi meu primeiro maestro. Estava tão fraco por causa do câncer que não sei se ele tocou de fato ou se eu queria que ele tivesse feito isso.

Acho que isso acontece com quem perde um ente querido. O tempo acalma, mas não apaga nunca a dor. Pelo menos as lembranças ficam como uma forma de manter viva a figura do ser amado. Algumas vezes, basta uma andorinha.

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Feitiço do beijo

15 de agosto de 2010



Fiz um feitiço de amor e mandei ao céu.
Era assim: toda vez que alguém se apaixonasse nasceria uma fadinha.
E toda vez que alguém desistisse de um amor verdadeiro, um anjinho desapareceria.

Dia desses, andando na Rebouças, pousou em mim uma carta. Dizia:

Senhora Feiticeira,

Por favor! Faça depressa um antídoto para seu feitiço.
Estamos perdendo muitos espíritos celestes por causa do desamor.

Prontamente respondi:

Desculpe, o encanto não sei desfazer. Mas crio um novo para consertar.
Agora, cada beijo bem dado aqui vale um anjinho perdido aí.

Feito meu trato, peço a todos:

Minha gente! Vamos lá!
Beijemos mais
Para o céu ajudar!
Afinal, isso todo mundo faz.

Pode ser qualquer um,
O amor de sempre
Ou até o incomum.

Mas aconselho: não pode dar beijo ruim
Que é para não perder a oportunidade
De salvar um querubim.

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Melhor assim



Esses dias, eu voltava de uma balada quando o celular do taxista tocou. Celular e carro não deveriam andar juntos, odeio motorista que atende celular quando está no trânsito. Esse taxista não atendeu ao telefone, mas o toque me chamou a atenção. Era a música “Pretty Woman” do Roy Orbison.

Perguntei o motivo de aquele ser o toque. Ele disse que era o toque da veinha (sic) e completou dizendo que depois de 30 anos de casamento ele tinha de agradá-la de vez em quando. A música era um presente.

Naturalmente, afinal, 30 anos não são 30 dias. Bateu um vento frio naquela madrugada, aliás, está relativamente frio por aqui. Qual será o segredo para manter o calor em 30 anos de relação?

Há pouco tempo conheci uma moça lindíssima, dessas que os homens fazem fila. Fiquei ligeiramente chocada quando ela disse que já tinha casado e descasado, antes dos 30. Também conheci o melhor amigo dela. Companheiros de longa data, ele foi padrinho do matrimônio. Estava lá quando o casamento acabou. Aliás, está lá desde os oito anos. O ex-marido era homônimo do melhor amigo. É um caso de amor escancarado, mas os dois não querem perceber.

Chego à superficial conclusão de que minha geração não sabe viver a dois. Sim, ainda somos jovens, mas essa ruptura com a tradição de ‘com esse para sempre’ não é nossa, é bem mais antiga. Década de 60, revolução sexual. Tenho amigos sessentinhas que dizem que minha geração é muito careta. Mas em um jantar com amigos da minha geração ouvi um “Querida, você é muito tradicional!”

Tradicional? Eu? Onde? Parei para observar. Já que duas gerações me acham enquadrada, resolvi fuçar o que há de errado comigo. D’accord com o dicionário Michaelis: Tradição é substantivo feminino. Do latim traditione. 1 Ato de transmitir ou entregar. 3 Notícia de um feito antigo transmitida desse modo. 4 Doutrinas, costumes etc., conservados num povo por transmissão de pais para filhos. 5 Conjunto de usos, idéias e valores morais transmitidos de geração em geração.

Acho que a tradição das últimas gerações é se separar. Quem não conhece um sem número de casais separados, recasados, etc? Isso faz de mim, antes de uma tradicional, uma rebelde! Ora, eu acredito no amor e sou constantemente criticada por isso. “Pare de sonhar! Pare de acreditar!”

Separar pode ser difícil, mas é bem mais fácil que permanecer junto. Minha geração, convenhamos, é acostumada com o fácil. Desde supermercados 24 h a sites de relacionamento. A superficialidade é algo que nos define, seja por louvar quem usa roupas de marca ou por ligar o ar condicionado com qualquer calorzinho. Esquecemos (ou nunca nos ensinaram?) de nos adaptar, porque é bem mais fácil mudar tudo por nossa causa. Nosso umbigo é do tamanho do mundo.

Não estamos sozinhos. Não podemos manipular tudo e todos. O desafio é entender que o fácil nem sempre é o melhor. Melhor é poder se adaptar. Poder aceitar as diferenças, poder suportar um calor de 30 graus (o planeta e as próximas gerações agradecem pequenos hábitos sustentáveis). Reciclar é palavra de ordem.

Isso vale também para o amor. É fácil ter todos e não ter ninguém. Mas é melhor? Se fosse, não existia tanta gente desesperada com a famosa solidão. Mais do que a fantasia de poder ter tudo ao seu alcance, proponho o: Aceite o que tem por aqui. Reinvente!

Confabulei para chegar à conclusão de que sou semi-tradicional (sim, é uma contradição em termos). Surpreendo tanto os tradicionais quanto os moderninhos. O importante é incomodar. Nem que seja só um cadinho.

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