Meu namorado é michê!

15 de setembro de 2010

— Foi isso que descobri. Estou arrasada. Michê mesmo. Não estou falando de ator pornô ou stripper. Estou em choque, estado total de não saber o que fazer.
Meu desespero maior foi que descobri tudo quando fui numa casa de suingue. Não sei o que fazer. Não posso virar e dizer: Eu vi você naquela suruba. Quando é que você ia me contar que seu ganha-pão é vender o corpitcho?

Corpo, aliás, que ô lá em casa! Cary Grant teria inveja daquele homem. Aquilo não é um cara, é uma manifestação divina. Divindade do mal. É bonito demais, carinhoso demais, animado ao extremo. Criatividade sexual deveria ser seu sobrenome. Ai que burra que eu sou!

Cary Grant


Por que eu não desconfiei? Quero dizer, aquele papo de trabalhar na balada, ai que burra. Ele disse que trabalhava na vida noturna, mas eu jurava que era como gerente de um agito qualquer. Promoter, ele disse uma vez. Fazia mistério o filho da puta. Sei bem o que ele está promovendo...

Olha, vou contar tudo. Sabe como eu o conheci? No supermercado. Costumo ser muito desligada, não reparo em ninguém, mas não é exagero, acho que o Alain Delon passava batido e até o Montgomery Clift perderia a graça.

Montgomery Clift


Fui pegar meus morangos orgânicos. Ele também. Fulminante. Eu mencionei o fato dele ser lindo? Fiquei como uma idiota com morangos na mão e sorriso de paspalha na cara. E ele sorriu de volta. Com um sorriso mais imbecil que o meu.

Não sou nenhuma CharlizeTheron. Nunca fui comparada a Monica Bellucci. Então o que uma mera mortal faz quando está frente a frente com a prova de que Hegel não sabia nada sobre o belo natural? Ou aquele era David reeencarnado?

Ele perguntou se eu queria a última caixa de morango. Eu balancei a cabeça positivamente. Ele sorriu, puxou papo. Achei que ele era modelo. Quando ele falou de Molière pensei, ah! É ator! Deve ser gay. Mas porque um deus grego homossexual ficaria conversando comigo numa gôndola (nada veneziana) sobre "O vermelho e o negro"?



Claro que depois disso ele me chamou para sair. Eu fui. Não perderia a chance de sair com a reencarnação brasileira de Apolo. E aí pronto, I was walking on sunshine, ô ô! Há cinco meses. Eu e meu mundo cor-de-rosa estávamos mais para pink Barbie e o universo maravilhoso do Ken.

E eis que sou chamada por uma amiga (da onça) para ir numa casa de suingue. Pudor e curiosidade não combinam. Resolvi ir e pensei: é só eu não fazer nada, vou sem par, é só para conhecer.

Eu? Casa de suingue? O que minha avó ia pensar? O que meu pai diria? Quem sou eu? Mas lá estava eu, no coração do Itaim Bibi, em um dos lugares mais deprimentes da minha vida.

Olha, arrependimento mata. Morri quando vi meu Paul Newman praticamente fazendo yoga avançada com uma mulher muito mais feia que eu. Eu achava que ele me amava. Fui à gerência do lugar, conversei com um ridículo homem gordo vestido de roupão bege, o dono do lugar. Ele queria transar comigo. Falei que queria saber sobre aquele cara da casa. Depois faria tudo que ele quisesse.

Paul Newman

Ele soltou uma gargalhada. Disse que o bonitão todo mundo queria (o meu bonitão?), ele era contratado. Garoto de programa. Se eu quisesse ele fazia um desconto.

Por mais ridículo que pareça fiquei aliviada. Ele não estava me traindo. Mas é claro que um segundo depois e aquela mão do gordão na minha cintura fez minha ficha cair.

Saí correndo. Acho que nunca corri tanto. Fui pra casa. Chamei o chaveiro 24 horas e troquei o segredo da fechadura. Chorei. Joguei meu chip do celular fora. Tive nojo de mim. Quis queimar o lençol. Ódio. Rancor. Mágoa. Passou tanta coisa pela minha cabeça.

Agora estou aqui, olhando para você. Ele não me viu, mas eu não sei o que fazer. Saí muito cedo de casa, ele não pode mais entrar, não pode se comunicar comigo e, ao mesmo tempo, nunca amei um homem assim. Por que ele não me disse que era profissional do sexo? Por que ele é tão bonito? Por que você não fala nada para me ajudar? Eu estou desesperada. Pensei em acabar com minha vida.

Por que eu fui naquele pardieiro?

A psicóloga não respondeu nada. Achou que a moça só poderia ter inventado uma história tão absurda como aquela.

Só pensou: mais bonito que o Alain Delon? Ai, ai! Duvido!

Alain Delon

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A vida tem trilha sonora

14 de setembro de 2010

Passei este fim de semana com uma melodia na cabeça, sem lembrar da letra, martelando o som lá dentro de forma capenga. Até que um anjo resolveu me ajudar e fez uma pessoa simplesmente tuitar a música hoje. Que alívio!

Killing me softly/Lauryn Hill & Wyclef


Uma ironia o título ser justamente killing me softly (matando-me suavemente), afinal essa música estava me consumindo. A letra fala da relação músico/ouvinte. Quem nunca ouviu uma música e pensou que ela servia como uma mão na luva para determinado sentimento?

Quer um exemplo? A Marisa Monte é uma ótima referência em temas de relacionamento(inclusive os meus).

Na música "A sua", o amor ultrapassa os limites do viver junto. O mais importante é que a pessoa esteja bem, ou seja, é um amor pouco egoísta. Embora a letra tenha um tom bem fraternal, sempre me lembra um relacionamento intenso e saudável que tive.

Amor à distância

A sua/ Marisa Monte



A próxima música fala de um amor mal resolvido. Tem tudo a ver com uma paixão paulistana em que fui protagonista (risos). Eu me sentia assim mesmo, mais uma na multidão, perdida nesta cidade enorme. O medo, na música, é bilateral. Igual à história de amor de muita gente, né? Cego, só enxerga o outro, mas com o mistério que o parceiro entrega em retorno, o medo é que predomina.

Medo de amar

Mais um na Multidão/ Marisa Monte e Erasmo Carlos



Pensando nisso, uma amiga minha costuma dizer que as músicas nos inspiram o tempo todo. É como se nossa vida tivesse trilha sonora. Eu concordo. Lembro que essa mesma amiga em uma época combatia "piratas" diariamente no trabalho e (não) por coincidência este era o toque de celular comercial dela.

Chasing pirates/ Norah Jones



Aliás, não sei se já comentei, mas foi uma música que inspirou este blog, ele surgiu justamente porque não dá para ficar indiferente debaixo deste céu.

Lá vou eu/ Zélia Duncan



Atualmente estou sem musica tema na minha trilha sonora, estou no que chamo de entressafra. Isso é raro na minha vida. E você? Que música é a sua cara?

Este post foi inspirado no blog da minha talentosa amiga Adriana Caitano que fala sobre música popular brasileira.

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Papo calcinha

13 de setembro de 2010



Aviso aos desavisados! Futebol também é coisa de mulher. Os mais de 1.600.000 resultados sobre o tema no google confirmam isso. Sei que não sou a primeira e nem serei a última a defender a causa. E também sei que isso não é valido para todas as meninas. Mas vou dar meu pitaco no assunto pelo simples motivo de achar que vale a pena (ou o teclado, no caso).

Sabemos que nós meninas não somos, necessariamente, conhecedoras do time todo na ponta da língua e que nem sempre somos ases em técnicas futebolísticas. Só que muitas de nós sabe sim o que é impedimento, acompanha as rodadas do Brasileirão e conhece o técnico da maioria dos times. A gente vibra, grita, contagia qualquer um! Ora, só porque não sentimos necessidade de saber se lá em mil novecentos e lá vai bolinha o Arapiraca foi campeão de botão, isso não nos faz menos torcedoras que vocês.

Também torcemos com paixão, vestimos a camisa e muitas choram quando o time perde da mesma maneira que os marmanjos choram com final de novela. E deixo claro que isso não é só de quem tem influência de pai ou irmão. Eu mesma só tenho irmã e meu pai detesta futebol. A minha paixão pelo ópio do povo, por exemplo, veio da minha pré-adolescência carioca. Eu era uma garota de Laranjeiras que adorava jogar futebol com os meninos no play e era centroavante do time. Vocação? Não, é só gosto mesmo.

Quando o Glorioso ganha, eu me sinto a mais botafoguense das torcedoras. Quando o Botafogo perde, eu morro de dó do meu time lindo não ganhar. Não abandono a raça e, injustamente, aguento o sacarmos de muitos homens que dizem “Mas você é mulher, nem precisa torcer pro Botafogo! Deve ser a única torcedora do Brasil. Torce pro meu time gata, é bem melhor!”

Não meus queridos! Nem eu e nem muitas outras tchuchucas por aí vamos torcer por vossos timecos, mais ou menos pelo mesmo motivo que vocês não vão torcer pelos nossos. Não escolhemos nossos times por causa de namorico. Sou botafoguense, assim como há flamenguistas, são paulinas e corinthianas, pura e simplesmente por amor ao esporte (que romântico).

Alors, respeitem nossas escolhas. E da próxima vez que pensarem em fazer piadinha sobre mulher e futebol lembrem-se que esse papo de bola está cada dia mais calcinha.

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Café com banana

9 de setembro de 2010



Ouvi dizer que o Mocha Branco vai sair do mercado. Quase tive uma síncope. Impossível! Estou sofrendo de uma angústia antecipada. Vítima de uma fofoca descabida! Quem faria isso? Que crueldade! Na minha opinião, tirar o mocha branco do cardápio é como dar um tiro no pé. Já tem uma cafeteria que eu frequento que não serve mais o meu delicioso, que tristeza.

Só não tomo mais mocha branco por falta de espaço e também porque engorda. Mas praticamente tripliquei meu consumo. Em época de campanhas, crio a minha: Salvemos o Mocha Branco e as bananas!

As bananas? Explico. Lembro de quando estava no cursinho e falaram que as bananas de verdade iam acabar, seriam todas transgênicas. Eu tinha um amigo chamado Fifa* (sim, ele forçava a amizade) que ficou tão desesperado com a notícia que todo dia na hora do intervalo passava numa lanchonete e pedia uma vitamina de banana. Argumentava ele: “Vamos, pede uma vitamina você também, vai acabar!” Eu sempre ria, pensava em como ele era exagerado.

Agora entendo o Fifa... Que vou fazer da minha vida? Não bastava não conviver mais com o Jobim? E as pessoas que nunca provaram este café? Pensem na frustração. Vamos todos consumir mocha branco, assim não sai do cardápio. Será que essa é uma jogada de marketing para aumentar o consumo? Se for, está funcionando!

Fifa, homem sábio, confesso que não sei dizer se os frutos da bananeiras já são todos feitos atualmente por reprodução assexuada mutante. Nossa campanha pode ser uma causa perdida... Desculpe!

Aliás, depois deste post, sabe o que vou fazer? Sim, é óbvio, vou tomar um Mocha Branco. E talvez uma vitamina. Ah, mundo injusto.

* Aos que não sabem, FIFA significa Federação Nacional dos Forçadores de Amizade.

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Um tom a menos

6 de setembro de 2010



Ele foi embora. Esnobe. Estava claro que não suportava mais o meu pequeno apartamento, sentia-se sufocado. Precisava de espaço e de carinho e eu não dava nenhum dos dois. Reclamou diversas vezes que eu chegava tarde. Detestava ser obrigado a me esperar para comer.

A vida a dois não era mais a mesma. Os olhos azuis fugiam de mim. E mesmo quando eu abraçava-o, na tentativa frustrada de demonstrar meu amor, ele virava a cara, afastava-se de mim, algumas vezes me empurrava e me fitava com ar de reprovação.

Não pude mais discordar. Ele não cabia mesmo no meu apartamento estilo bloco da eu sozinha. Era preciso deixá-lo ir. Resignada, levei meu lindo gato de volta ao apartamento grande dos meus pais.

Agora sinto falta do ronronar, do nariz geladinho querendo carinho, das cambalhotas que ele faz para dizer como está feliz por me ver.

Sei que fiz o melhor para ele, Jobim estava muito infeliz passando dias e dias sozinho em um cubículo. Mas é como abrir mão de um pedacinho de mim. Foram tantos os momentos de cumplicidade, só quem tem um gato pode entender. Um gato como o TJ é um presente do céu, uma dádiva mesmo.

Com ele descobri uma capacidade de amar pouco egoísta. Queria muito que ele ficasse por aqui, queria chegar em casa a hora que fosse e ter seu miado alto. Mas sei o quanto meu pequeno bichano estava sofrido e precisava de carinho, espaço, atenção.

Parodiando o maestro homônimo digo:

Meu Tom Jobim
Não consigo te esquecer
Quanto mais o tempo passa
Mais me lembro de você.
Cadê minha bolinha de neve?
Cadê meu filhotinho, cadê?
E morro neste cubículo
De saudade de você.

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