Um sonho possível

29 de agosto de 2011

Você já teve um sonho? Já achou que ele era bobo? Impossível?


Eu já.

Eu tenho um sonho. O mesmo sonho desde os 13 anos de idade. Um desejo guardado em um canto da minha mente, latente. Isso porque já tinha brigado muito com ele, dizendo-o para desaparecer. É que aos 19 anos lutei por ele, lutei o máximo que pude. Fracassei. Por isso pensei em desistir. Mas sonhos são persistentes, dê-lhes um punhado de atenção e eles voltam a brilhar na sua imaginação.

Outro dia ouvi o clichê: se você desejar do fundo do coração, o sonho se realiza. Desde então fiz as pazes com o meu. Resolvi investir nele. Logo depois surgiu uma oportunidade de realizá-lo. Tomei coragem (embora tivesse medo de fracassar) e decidi agarra-lá. Funcionou. O curioso é que estou super assustada. Sonhei tanto. Nem parece possível que ele possa se tornar real.

Mas dessa vez estou pronta. Que venha! Com o choque de realidade que todo sonho vem quando se concretiza. Que seja melhor que qualquer expectativa.

Um sonho doce como canela recém raspada. Se você tem um, invista sua energia nele, não importa o tempo demore.

Caso você já tenha desistido de sonhar, eu lhe pergunto: de que vale a vida se a gente não tenta realizar nossos sonhos?


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A democracia do vento

20 de agosto de 2011

O vento que sopra fresco nesta tarde de agosto me conforta. Parece que vem me dizer alguma coisa, tirar um véu de ilusão de cima dos meus olhos.

Deixo-me envolver. Os pássaros cantam na cidade do impossível, a tarde cai amena para minimizar a melancolia que me cerca, mas não me pertence. Pode um simples vento mudar um humor? Ora, o vento muda direções de barcos, semeia plantas ao redor do mundo, carrega cidades com seus furacões. É claro que um simples humor, o Senhor Vento tem categoria para mudar.

Esboço um sorriso. O curioso é que o vento pode levar também os nossos desejos. É comum eu aproveitar o vento para mandar uma mensagem de amor. Já tentou? Mando com a certeza de que quando o vento lá bater, vai fazer a pessoa lembrar de mim. Gosto de imaginar a cena da pessoa sentido a brisa suave no rosto.

O vento é tão democrático. Tente prendê-lo em sua mãos e ele se esvai. Mas deixe ele livre e veja que está ali, soprando. Que coisa mais gostosa uma brisa no fim da tarde a beira-mar. Qualquer um pode sentir.

Sabe o que eu mais gosto no vento? É que o mesmo vento que forma tempestades, dissipa as nuvens pouco a pouco. Quando se vê, já temos de novo o sol.

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Doce Leitura

8 de julho de 2011

Foto: Simone de Beauvoir


Estes dias entrei em uma livraria super charmosa que cheirava a café. Na porta tinha uma plaquinha que dizia: Só abrimos depois do meio dia! Depois da meia noite, a gente brinca. Achei curioso. Entrei. Procurei os donos da loja para saber o significado daquela placa. Não estavam lá. Resolvi passear pelas letras.

O lugar todo tem paredes pintadas com gravuras de escritores. Tão lindo! Estantes e mais estantes de literatura brasileira com o semblante de Dom Machado de Assis. Sir Shakespeare faz as honras da seção de livros em inglês. Simone de Beauvoir, muito bem comportada, está pintada para me mostrar o maravilhoso mundo de Alexandre Dumas, Stendhal e outros autores franceses. A lânguida Florbela Espanca divide com Saramago o espaço que dá acesso aos portugueses.


Mas o que chamou a minha atenção mesmo foi uma estante reservada a novos escritores. Nossa! Sempre quis uma seção com escritores novos em uma livraria, já pensou se eu fosse uma das primeiras a ler o próximo Nobel de literatura? É como conhecer uma banda de sucesso quando ela ainda está na garagem! Livros raros? Ali também tem. Matemática, direito, comunicação, tecnologia, tudo. Dicionários! Até um espaço para fazer download de e-books! Você pode levar o computador ou receber as instruções de como baixar o livro por e-mail, a preços módicos.


Caso tenha fome, ao lado da parte de culinária e gastronomia, tem uma cafeteria de fazer qualquer um babar. Uma mistura de doces internacionais com café nordestino. Mas como sou um clichê ambulante, pedi um pão de queijo bem mineirinho! Humm!

Claro que fiquei louca para saber quem eram os donos daquele lugar angelical, com um astral tão sublime que me fazia suspirar. Sou que os donos estão em Alexandria negociando livros para a parte dos raros. A gerente disse que eles são apaixonados por livros, excêntricos, gostam de reunir pelo menos uma vez por semana um grupo de crianças para contar historias. Eles têm até um site para o clube do livro. Ela disse que a maior adesão é dos jovens, eles gostam dos livros virtuais.

Antes de ir embora, lembrei da placa na porta. Que significa? Perguntei. A gerente sorriu. "Eles detestam acordar cedo. Mas em compensação, aqui funciona até as 2 da madrugada. Depois da meia noite, isso aqui é quase uma balada. O dono alega que é de noite que a magia de escrever floresce". Disse também que muitos escritores novos se reúnem ali, é um lugar de boemia, de polêmica, de alegria e, essencialmente, de cultura.

Dá pra não se apaixonar por um lugar assim? O nome da livraria? Doce leitura. Um dia eu digo onde fica.

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Estação Verão

7 de julho de 2011

Verão em Japaratinga/AL

Idade da paixão: 5 anos. Suspiros.
Suspiros e raspas de limão. Azedo e doce como briga de criança.
O amigo do meu primo. Um chato. Roubava os suspiros que me fazia a madrinha.

Idade da descoberta: 16 anos. Fotos
Fotos espalhadas no mural do primo.

—Quem é esse seu amigo lindo?

“Este é aquele meu amigo que você detestava quando era criança.“

—Não lembro. Pode me apresentar para ele de novo?

“Claro que lembra. Ele roubava seus suspiros. E não posso, ele tem namorada.”

Idade do encontro: 18 anos. Literatura.

“Preciso ensinar literatura para um amigo. Pode me ajudar?”

¬—Claro! Posso ir assim?
“Para mim está ótimo!”

Perco o fôlego. Estava vestida como uma louca. Casaco que cabia duas de mim. Cabelo completamente indomado. Nenhuma maquiagem. Nem mesmo um gloss.
Foi amor a primeira vista.

—Vamos namorar?
Uma primavera chamada Verão.

Idade da estupidez: 19 anos. Medo.
Quem não tem medo?

—Namoro a distância não dá certo. Chega. Eu aqui, você aí. Isso não pode funcionar.

—Eu te amo o suficiente.

—Não é justo com nenhum dos dois. É uma relação impossível. Acabou.

— Não faça isso...

—É o melhor a fazer. Tchau!

—Covarde

Idade do arrependimento: 21 anos. Declaração.

Espaço Unibanco
— Suspiro. Quanto tempo!


Este e-mail é para dizer que desde aquele encontro no cinema, não paro de pensar em você. Não posso ser estúpida de novo. Eu preciso dizer que não o esqueci.

— Sinto muito. Só posso ser seu amigo!

Idade do recomeço: 24 anos. Inverno.
Dias triste. Conversas longas. Morte. Vida. Espiritualidade.

—Estou solteira.
—Estou infeliz na relação.
— Termine.
—Amo minha namorada.
—Entendo.
—Você sabia que me magoou demais?
—Desculpa. Já disse antes, nunca esqueci você.
—Isso é carência. Só fala porque está solteira em uma cidade louca.
—Não é, embora isso seja verdade.
—Você só me procura quando estou namorando.
— Admita que também gosta de mim.
—Convencida.
— Admita!
—Já disse, tenho namorada!
—Não tenho pressa.

Idade do reencontro: 25 anos. Suspiro.
— Estou muito triste. Está tudo errado na minha vida.

—Não fique assim. Vamos! Não pode ser tão ruim. Eu quero encontrar você.
—Quando vier ao Rio, avise.

Avisei. Minhas mãos tremeram. Virei adolescente de novo? Borboletas e mais borboletas, todas loucas, debatendo-se dentro de mim. Não consegui falar nada do que queria. Aliás, eu mal falei. Só consegui suspirar.

Mas, afinal, o Sr. Verão sempre me roubou suspiros.

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Alma fria

4 de julho de 2011

Um azulejo em Barcelona...

A cidade de São Paulo está em alerta por causa do frio. Nove graus Celsius. Parece quente para quem, como eu, já enfrentou - 15 °C na França, ou para quem passa o inverno em Nova York, mas é bem frio para quem está na rua agora sem um agasalho.

É um gelo para quem não tem uma sopa para tomar, uma mantinha gostosa para se embrulhar, bem alarmante para quem só tem uma caixa de papelão onde se deitar. Nessas horas fico triste. Porque eu tenho mais de um edredom fofo, mais de uma casa para dormir aquecida e definitivamente tenho bem mais que um chá para tomar. Sinto culpa. Todo mundo deveria ter uma casa com uma cama quente e um pouco de conforto. Um pouco de dignidade.

São Paulo devia ficar em alerta o ano inteiro, alerta aos muitos que dormem na Haddock Lobo, Teodoro Sampaio, Faria Lima. Outro dia vi um homem deitado na rua, com uma muleta ao lado, achei que ele tivesse caído e perguntei: “O senhor está bem?” Ele me respondeu com um sorriso enorme e um olhar de surpresa: “Estou! E você?” A resposta me doeu. Doeu porque vi nos olhos dele que as pessoas passam ali, mas ninguém conversa com ele.

A cidade devia entrar em alerta também quando faz 30°C, tamanha a frieza das pessoas para seus semelhantes. A cidade só não, o mundo. Você já conversou alguma vez com um mendigo? Já olhou os olhos dele? Aquela tristeza no olhar pode ser solidão. Olhos que pedem um pouco de atenção. Ou o medo de ser assaltado, de perder seu mais novo tablet o paralisa? Pare de fingir que essa situação não faz parte do seu mundo. Virar a cara e entrar na internet não tirará as pessoas da miséria.

Devia haver uma lei que impedisse uma disparidade tão grande. Em uma mesma cidade há centros comerciais em que sequer é possível entrar sem carro, assim como há pessoas que não têm dinheiro para pegar um ônibus. Parece impossível.

É pedir demais que exista sensibilidade de quem não passa frio? De quem não passa dificuldade e pode andar pelas ruas com seu celular conectado e seu carro zero km? Sugestão para a próxima vez que vir alguém na rua: sorria para a pessoa. Todo ser humano precisa de um sorriso. Já é bem melhor do que ver sua cara de raiva só porque ele (ou ela) tentou falar com você.

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Largo das tulipas

12 de junho de 2011

Foto: Luisa Picanço/Holanda

Alguma pessoa já fez você pensar em mudar o mundo? Alguém já fez você achar que o amor existe? Nem que seja por um minuto, já passou pela sua cabeça “eu amo essa pessoa”?

Então, sinta essa vibração. Ela é boa. Move mesmo o mundo. Ainda bem, nosso planeta precisa desse movimento. Let it come. Perceba que o amor tem cheiro de colégio. Da hora do recreio, com seus pães de queijo macios. Amor é toujours adolescente. Cheio de bons sentimentos, sem muitos medos arraigados, sem arranhões n’alma.

Amor nos remete a Shakespeare e todas as suas mil e uma noites de verão. Espanta bicho-papão, mau olhado. É um pé de arruda. Nada de ruim o afeta quando você deixa o amor comandar. Faz até a gente esquecer os problemas profissionais. Afinal, aquilo é só um trabalho, não é sua vida.

Deixe vir. De repente sua vida vai ficar mais colorida. Você vai andar pelo largo da batata e achar que todo mundo que passa por ali merecia um largo das tulipas. Já pensou? Tulipas por todos os lados, deixando São Paulo menos gris. Essa época do ano é particularmente boa para o amor. O outono da cidade conforta esse sentimento tão puro e transformador. O sopro frio do fim do dia aquece os desejos. Quer coisa melhor que chegar em casa e receber um abraço do ser amado?

E, se no abraço, você perceber que definitivamente já conhece aquela pessoa de outras vidas, não hesite. Só lhe resta deixar a mágica fluir. Por favor! É diretamente proporcional. Quanto mais amor, mais tulipas. O planeta merece.

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Reencontro

28 de março de 2011

Uma das melhores (e piores) atitudes da vida é ser autêntica. Doa a quem doer (costuma doer mais no ser autêntico), a autenticidade é libertadora. Ainda que agir assim não lhe deixe mais seguro do dia de amanhã, certamente fará diferença neste amanhã você não ter sido falso hoje.

Como faz diferença não ser falso com você mesmo. Só tenha cuidado para não machucar os outros no caminho. O ideal é ser verdadeiro sem ser agressivo. Achar este equilíbrio traz paz de espírito. É algo digno do que ensinou o poeta:

“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive.” (Fernando Pessoa/ Para ser grande)


Hoje reencontrei uma moça grande. Em São Paulo ela se perdeu de mim, mas ela nunca deixou de ser autêntica, destemida. Gosto tanto dela. Foi uma grata surpresa revê-la debaixo de um bloco em Brasília. Estava com saudades. E eu que achava que tinha perdido essa moça para sempre.

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