Estação Verão

7 de julho de 2011

Verão em Japaratinga/AL

Idade da paixão: 5 anos. Suspiros.
Suspiros e raspas de limão. Azedo e doce como briga de criança.
O amigo do meu primo. Um chato. Roubava os suspiros que me fazia a madrinha.

Idade da descoberta: 16 anos. Fotos
Fotos espalhadas no mural do primo.

—Quem é esse seu amigo lindo?

“Este é aquele meu amigo que você detestava quando era criança.“

—Não lembro. Pode me apresentar para ele de novo?

“Claro que lembra. Ele roubava seus suspiros. E não posso, ele tem namorada.”

Idade do encontro: 18 anos. Literatura.

“Preciso ensinar literatura para um amigo. Pode me ajudar?”

¬—Claro! Posso ir assim?
“Para mim está ótimo!”

Perco o fôlego. Estava vestida como uma louca. Casaco que cabia duas de mim. Cabelo completamente indomado. Nenhuma maquiagem. Nem mesmo um gloss.
Foi amor a primeira vista.

—Vamos namorar?
Uma primavera chamada Verão.

Idade da estupidez: 19 anos. Medo.
Quem não tem medo?

—Namoro a distância não dá certo. Chega. Eu aqui, você aí. Isso não pode funcionar.

—Eu te amo o suficiente.

—Não é justo com nenhum dos dois. É uma relação impossível. Acabou.

— Não faça isso...

—É o melhor a fazer. Tchau!

—Covarde

Idade do arrependimento: 21 anos. Declaração.

Espaço Unibanco
— Suspiro. Quanto tempo!


Este e-mail é para dizer que desde aquele encontro no cinema, não paro de pensar em você. Não posso ser estúpida de novo. Eu preciso dizer que não o esqueci.

— Sinto muito. Só posso ser seu amigo!

Idade do recomeço: 24 anos. Inverno.
Dias triste. Conversas longas. Morte. Vida. Espiritualidade.

—Estou solteira.
—Estou infeliz na relação.
— Termine.
—Amo minha namorada.
—Entendo.
—Você sabia que me magoou demais?
—Desculpa. Já disse antes, nunca esqueci você.
—Isso é carência. Só fala porque está solteira em uma cidade louca.
—Não é, embora isso seja verdade.
—Você só me procura quando estou namorando.
— Admita que também gosta de mim.
—Convencida.
— Admita!
—Já disse, tenho namorada!
—Não tenho pressa.

Idade do reencontro: 25 anos. Suspiro.
— Estou muito triste. Está tudo errado na minha vida.

—Não fique assim. Vamos! Não pode ser tão ruim. Eu quero encontrar você.
—Quando vier ao Rio, avise.

Avisei. Minhas mãos tremeram. Virei adolescente de novo? Borboletas e mais borboletas, todas loucas, debatendo-se dentro de mim. Não consegui falar nada do que queria. Aliás, eu mal falei. Só consegui suspirar.

Mas, afinal, o Sr. Verão sempre me roubou suspiros.

1 comentários:

Naninha Trapicheira,  07 julho, 2011 23:55  

E o final?? Pooo, eu quero que eles terminem juntos. EXIJO!

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