Um vício para chamar de meu

23 de março de 2011



Tudo começou quando cheguei a São Paulo. Em qualquer lugar que eu ia alguém me oferecia. Era até ostensivo. Estava por toda parte. Comecei a pensar esporadicamente na ideia, mas depois o pensamento cresceu, não queria mais sair da minha cabeça. Comecei a ignorar a oferta tentadora. Neguei o quanto pude. Achei que assim poderia me livrar. Sabia que aquele era um caminho provavelmente sem volta.

Toda vez que tinha vontade de usar, mudava de pensamento. Procurei alternativas. Não conseguia mais evitar. Resolvi parar de me preocupar com o pensar, era só esquecer o assunto e não teria mais problemas.

Eis que em um domingo qualquer, quando estava prestes a pedir o meu já tradicional Mocha Branco, soltei um “meu!”, assim sem pensar. Fiquei desesperada, pus a mão à boca. Comentei com uma amiga que era a primeira vez que usava aquela viciante gíria paulistana. Ela exclamou: “Seu primeiro meu? Parabéns! Dá aqui um abraço.”

Fiquei sem graça. Afinal, falar “meu” é feio. Aliás, horroroso é mais apropriado. Não vejo como isso merece congratulação. Só falei uma vez, juro! Mas maculei minha alma carioca, sei. É que isso vicia. Em minha defesa alego que há mais de dois anos sou obrigada a ouvir essa gíria diariamente.

Enfim, agora posso me considerar nativa na língua paulistana, meu! Hoje mesmo falei que ia almoçar um lanche. Essa praga que os paulistanos usam para definir sanduíche também saiu sem pensar, o que só piora para o meu lado. Acho que não tenho mais salvação. Paciência.

2 comentários:

Leo,  23 março, 2011 17:54  

Meu, achei massssssssaaaaaaaa meirrrrrmão. Fique tranquila que vc está no bom caminho...
daqui a pouco pede dois pastel e um chops.
Leo

Rods 24 março, 2011 07:47  

Já era Lu, virou paulista.

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